O consorcio do NETA pretende criar uma nova solução técnica que contribua para que a água, um recurso central e limitado, possa ser utilizado de forma mais eficiente, o que pode debloquear um maior aproveitamento dos recursos naturais de que dispomos.
O projeto NETA agrega sete instituições em torno de um objetivo comum, transformar uma ameaça ambiental, as águas residuais e efluentes, numa fonte de nutrientes e recursos hídricos, tornando uma ameaça ao meio ambiente numa solução que vai da rega a fertilizantes e até mesmo novas soluções bioindustriais.
Liderado pela Ingredient Odyssey SA (IO), o projeto NETA pretende optimizar e utilizar a Técnica de Precipitação Química, desenvolvida pelo Instituto Politécnico de Beja (IPBeja), no tratamento de águas residuais, utilizando a água tratada para fins agrícolas, sendo as lamas geradas tratadas por insetos, nomeadamente larvas de mosca soldado negro (Hermetia illucens). A Estação Zootécnica Nacional (Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária – INIAV), no Vale de Santarém, será a base dos processos em desenvolvimento, sendo um dos objetivos tornar este centro de I&D num exemplo em circularidade da água.
Enquanto a água é usada em processos que vão da rega à aquaponia, as lamas são tratadas por insetos, transformando-as em fertilizantes estáveis, sem cheiro e prontos a serem usados nos terrenos agrícolas. Estes novos fertilizantes serão testados no INIAV, Univ. de Aveiro, IPBeja e haverá campos de demonstração instalados na AgroTejo. Tanto as águas tratadas, como as lamas e fertilizantes serão avaliados ecotoxicologicamente pela Univ. de Aveiro e IPBeja. As larvas de inseto utilizadas no tratamento das lamas serão utilizadas em processo de biorefinaria, como a extração de óleo para biocombustíveis, cosméticos e outros usos químicos, a ser explorado pela Univ. Lusófona, e a quitina será usada para transformação em quitosano e posterior uso na criação de bioplásticos biodegradáveis, a ser desenvolvido com o suporte do Instituto Superior Técnico. À semelhança do que já aconteceu no passado, a IO pretende levar este projeto do desenvolvimento de base e laboratorial até à sua aplicação industrial, tornando o conhecimento científico nacional numa mais valia empresarial e ambiental.